Desde pequena eu sonhava em mudar o mundo sonhava com uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais feliz… sonhava com um mundo melhorDaí, um dia eu aprendi que os sonhos existem para se tornarem realidade. Para nos colocar em movimento, em marcha, para agirmos e serem alcançados.E foram passos na direção certa que me trouxeram até aqui, a esta terra em que me orgulho de ter escolhido para criar meus filhos. Para trazer meus pais e minha irmã caçula, a minha família, o meu porto seguro.Em Maceió me fiz advogada, me fiz mãe, me fiz gente e me sinto todos os dias na obrigação de devolver um pouco de tudo que essa terra e esta gente fizeram por mim.OBRIGADA POR TUDO…Obrigada a esta casa pela concessão deste tão honrado título.Obrigada ao Vereador Francisco Holanda Filho pela proposição e reconhecimento.Obrigada a minha família alagoana, aos meus pais de coração Ruth Freitas e Paulo Bezerra, às minhas cunhadas e à minha sobrinha Liz, que me receberam como filha de braços abertos. Obrigada.Aos meus pais Eduardo e Conceição, aos meus irmãos, cunhados e sobrinhos obrigada pelas lições, obrigada pelos exemplos.Ao meu querido marido Paulo Nicholas e aos meus pequenos grandes heróis Pedro Nicholas e Luiz Fernando pela paciência com essa mãe e esposa tão ausente, obrigada pelo amor incondicional, obrigada pelo carinho e pelo colo de todos os dias. Obrigada por existirem…Na semana da mulher não poderia deixar de registrar…Eu percebo que sou abençoada de ter nascido nos anos 70, em vez do início dos anos 1940, como minha mãe, ou o início do século 20, como minhas avós.Devo minhas próprias liberdades e oportunidades para a geração pioneira de mulheres à frente de mim, àquelas mulheres de sucesso que hoje estão na faixa dos 60, 70 e 80 que enfrentaram uma discriminação endêmica num Brasil machista, totalitário e que sabiam que a única maneira possível para alcançar o sucesso, muitas vezes, era agir exatamente como um homem. Naquele tempo, agir ou mesmo admitir ter desejos maternos teria sido fatal para as suas carreiras.Mas, graças a elas, um tipo diferente de conversa agora é possível.É hora de as mulheres em posições de liderança reconhecerem que, embora ainda estejamos num mundo masculinizado, podemos e queremos ser mulheres, não melhor do que ninguém, mas simplesmente mulher.Assim precisamos de uma discussão honesta entre as mulheres de nossa época sobre as barreiras reais e falhas que ainda existem no sistema, apesar das oportunidades que herdamos.Hoje já na terceira geração do feminismo…É preciso ter a consciência que toda universalização é burra.Nós, homens e mulheres, precisamos nos libertar dos modelos rígidos e estereotipados. Muitas das características atribuídas ao masculino e ao feminino não são determinadas apenas pelo gênero, são influenciadas também pela classe social, pela cultura, pela educação, bem como por características individuais de personalidade ? nem todos os homens são agressivos, objetivos, seguros de si, da mesma forma que nem todas mulheres são inseguras, pouco agressivas e sem objetividade.Surgindo assim a possibilidade de mudança nas relações de gênero, permitindo aos homens se libertarem do peso do machismo e às mulheres de se libertarem do imperativo do feminino, ambos podendo ser sensíveis, objetivos, fortes, inseguros, dependentes, independentes, com liberdade e autonomia, e não seguirem imperativos categóricos determinados pelo gênero.Por isso, é importante que homens e mulheres, nas suas experiências subjetivas, possam exercitar a lógica, a razão, a intuição e a sensibilidade para construir novos valores e novas formas de se relacionar na vida afetivo-sexual, no casamento, na família, no trabalho, enfim, em todas as relações sociais.Abre-se a possibilidade concreta de construir relações de gênero mais democráticas, nas quais o direito à igualdade e o respeito à diferença são as pedras angulares.Na política…Hoje vivemos no Brasil momentos difíceis, o país passa por momentos difíceis, mas para nós mulheres que sempre vivemos dificuldades e, que temos a vocação para ser feliz, isso não representa o fim do mundo, afinal de contas nós somos reativas e fazemos dos nossos sonhos a realidade que podemos construir com o que temos.Se há dificuldades elas existem para serem resolvidas, se há problemas eles existem para serem superados.Nós não podemos ter medo diante da vida, nós não podemos continuar fazendo do mesmo jeito que fazíamos antes, nós temos hoje problemas novos que continuam com respostas velhas.O desafio hoje é dar respostas que sejam pelo menos caminhos para boas perguntas para aqueles que vierem depois de nós.Vivemos momentos inéditos e precisamos encontrar caminhos para deixar para as próximas gerações uma sociedade mais feliz.É preciso deixar claro que nós mulheres não queremos o mundo para ninguém, mas queremos juntos, com as mesmas condições, porque juntos temos mais, podemos fazer mais, até porque temos visões diferentes de mundo. E aqui fica a pergunta que não quer calar. Nós representamos mais de 52% do eleitorado nacional e até quando nós mulheres vamos deixar que eles escolham por nós? Essa é a hora… Ano eleitoral… Assim na Casa Legislativa eu conclamo todas as mulheres… Esse é o momento e nós mulheres não podemos ficar de braços cruzados esperando mais uma vez que eles decidam por nós.Nós já pagamos a metade da conta e precisamos sentar na metade da mesa. Nem precisamos da mesa toda.Na OAB, a história não é diferente… Já representamos a metade da advocacia brasileira, mas não sentamos na metade da mesa.E assim, na Presidência da Comissão Nacional da Mulher Advogada, com muito trabalho conquistamos na raça, a cota de 30% na Ordem dos advogados do Brasil. Lançamos o Plano Nacional da Mulher advogada e o movimento mais mulheres na OAB. Ações que trouxeram avanços para as mulheres já nas ultimas eleições.Lentos avanços, mas não podemos ignorá-los.Quanto ao nosso país…Vivemos não somente uma crise econômica e financeira, não somente uma crise política, mas acima de tudo uma crise ética e moral. O que chegou ao ápice na ultima semana. Precisamos de apurações rápidas, mas o combate a corrupção deve ser feito com respeito à Constituição e às leis do país.Em um Estado de Direito como o Brasil a lei deve valer para todos, para os investigados, independentemente de posição social ou política, e para as autoridades que estão investigando, por que ninguém está acima da lei.Assim estamos alerta, de plantão diário, a OAB Alagoas junto com a OAB Nacional, pedimos cópia dos processos, a instituição e a sociedade precisam saber a verdade, não podemos ser manipulados por vazamentos que muitas vezes são seletivos, até mesmo parciais, precisamos de provas. A OAB com seus 85 anos de serviços prestados à nação brasileira está examinando os acontecimentos com muita responsabilidade.Sabemos que nos conflitos, a corda sempre arrebenta para do lado mais fraco, assim num dos Estados mais pobres da federação não podemos nos calar frente ao possível aumento da carga tributária, não podemos admitir que o povo mais uma vez pague essa conta. No Brasil, os impostos aumentam, todos os serviços aumentam, mas a contrapartida estatal que já estava em nível pífio continua a cair a cada dia.Não podemos ignorar que, da crise surgem as oportunidades…É da crise que surgem grandes ideias…De uma profunda crise institucional que um alagoano em 1889 fundou essa nossa República…Assim eu convido todas as mulheres de Maceió a nos unir e mãos dadas com os homens, a lutar por uma Maceió melhor, por uma Alagoas melhor e por um Brasil melhor…