Dialogar sobre empoderamento político, institucional, social e enfrentamento à violência’ foi o objetivo de um seminário ocorrido nesta quarta-feira (30), encerrando as atividades do Agosto Lilás. O evento foi realizado pela OAB Alagoas, através da Comissão da Mulher Advogada, e pela Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) e reuniu diversas mulheres que puderam compartilhar experiências de luta, a história de superação aos obstáculos impostos pela sociedade, discutindo também a violência contra a mulher. A abertura do evento foi marcada pela apresentação cultural do Grupo Studio Vox, interpretando a música ‘Estou aqui sobrevi’, de Elaine Guimarães . “Tantas vezes fui cantada, assediada e, muitas vezes, abusada. Sobrevivi. E dessas tantas, fui sempre acusada, eternamente a culpada dos crimes que não cometi”. A presidenta da OAB, Fernanda Marinela, destacou os avanços obtidos na caminhada feminina, no entanto, ressaltou que é preciso pôr fim à cultura machista que ainda é muito forte, apontando como exemplo as letras de músicas que menosprezam as mulheres. “Apesar dos grandes avanços e conquistas, nossa luta segue incansavelmente. Nós mulheres não podemos nos calar diante de tantos casos de violência, diante do mundo machista que ainda vivemos. Precisamos ter voz, seguir lutando pela igualdade de gênero. No Agosto Lilás, é preciso relembrar a importante conquista para as mulheres, a Lei Maria da Penha, e reforçar o quanto as mulheres que são vítimas de violência doméstica precisam denunciar”, afirmou. A presidente da Comissão da Mulher Advogada, Eloína Braz, ressaltou a importante oportunidade do evento para discutir temas tão atuais e que precisam de uma atenção especial da advocacia e sociedade. “É uma sensação de poder contribuir que estamos reunidos para aqui incansavelmente discutir assuntos importantes, que estão presentes no dia a dia. A luta contra a violência, notadamente, doméstica e familiar, é presenciada por todos nós, nas manchetes de jornais, nos telejornais, casos estarrecedores que nos deixam indignados e que precisam ser punidos. Devemos ter uma luta perene”, acrescentou Eloina Braz. Já a secretária de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos, Claudia Simões, falou sobre a importância da parceria com instituições como a OAB, para fomentar o debate em busca de espaços para as mulheres, bem como o fim da violência contra a mulher. “Fico muito feliz em saber que esse momento onde trabalhamos mulheres no poder estamos encerrando o Agosto Lilás, cor que pintamos todo o nosso estado, que é símbolo de nossa luta por igualdade. Esse foi um mês intenso, com muitas ações e parcerias importantes. Em 72 municípios, tivemos ações que nos orgulharam. Nunca a rede de enfrentamento à violência contra a mulher esteve tão forte”, colocou Cláudia Simões. Entre as debatedoras, a presidenta da OAB/AL, Fernanda Marinela; a deputada federal Rosinha da Adefal; a deputada estadual Jó Pereira; a desembargadora do Tribunal de Justiça, Elizabeth Carvalho; e a primeira-secretária da Mulher de Alagoas, Vanda Menezes. A desembargadora Elisabeth Carvalho Nascimento, coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, participou do evento e contou um pouco sobre sua trajetória durante a mesa redonda “Mulheres nas instituições: desbravando espaços de preponderância masculina”. “A partir do momento que eu dou o meu depoimento e conto minhas histórias, a gente incentiva uma advogada que sonha em ser juíza. Ela precisa saber que isso é possível. Eu não sou nenhum ET, se eu cheguei, ela também pode chegar”, encorajou a desembargadora Elisabeth Carvalho. Ainda segundo a desembargadora, o empoderamento feminino é de fundamental importância para alcançar novas conquistas na sociedade. “O caminho ainda é longo, nós já conseguimos avançar muito, mas acredito que para atingir a igualdade de gênero em profissões e a nível social ainda vamos demorar”, afirmou. O seminário contou com quatro subtemas: ‘Mulheres na Política – por que ainda somos minoria nos cargos eletivos se somos maioria da população?’; ‘Mulheres nas Instituições – desbravando espaços de preponderância masculina’; ‘Mulheres nas Instituições Jurídicas – quais os desafios após a igualdade constitucional e leis afirmativas?’ e ‘Reforma Trabalhista – situação da mulher no contexto das modificações da Lei’.